terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Holy Motors


É um tempo que não caminha, gira em falso a cada vez que se quebra o climax e a encenação é reafirmada.


Não existe experiência, pois o ato não acontece, tão e só somente a sua reprodução, alienada, pois a imagem é a imagem apenas de si. A plateia impassível, diante da qual a arte já não tem mais efeito, ou antes, não tem mais significado, em sua encarnação de imagem alienada, antecipa essa conclusão.

A bem da verdade, o gesto ocorre, ao que parece o encontro dos ex-amantes acontece no interlúdio entre os personagens que interpretam, mas aqui, a identidade entre a imagem e o ato, entre os personagens e os atores, anula o significado de ambos. De modo que, nem o gesto é capaz de resgatar o seu sentido original, o seu significado. A última passagem parece reforçar essa conclusão, nela, a diferença entre cultura e natureza é a encenação.

Ao longo do filme me parece haver uma série de momentos de indistinção, entre o romance físico e sua encarnação virtual, por meio de avatares, entre beleza e feitura, entre verdade e imagem e entre natureza e cultura. No que eventualmente me parece o melhor do filme, a relativização das posições tomadas como naturais, movimento reforçado pela quebra do climax ao final de cada esquete.

Contudo, me parece o filme de uma descrença absoluta, sobre o qual não há o que escrever, ainda que o faça, pois não se trata de quais signos mobiliza, mas justamente o oposto, o gesto e a imagem alienados de qualquer verdade.

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