domingo, 10 de junho de 2012

Deus da Carnificina

É um filme do tempo presente, diante da falência de um modelo de integração baseado no capitalismo globalizado. Que estreita os horizontes de uma utopia humanista diante dos marcos da ordem vigente, numa versão condescendente, mas que na verdade revela a farsa desse discurso de integração. Dá um passo supostamente lógico, assume a barbárie como resposta universal, por revelar o intimo de tudo que existe. O ressentimento e a prostração diante dos desejos e da ambição corrompidos aparecem como niilismo super real, a verdeira natureza humana, pré cultural. Se articula como um discurso cujo poder é a própria existência e a supremacia diante de um discurso humanista ocidentalizado.

Tira os móveis da sala e revela a farsa em que viviam, mas não revela as fundações da própria farsa. E triunfa porque reduz a compreensão de mundo, ou o próprio mundo, às dimensões da vida burguesa e pequeno burguesa. A farsa do discurso humanista é a farsa das boas intenções individuais diante de uma rotina de exclusão operada coletivamente e anonimamente em nome da manutenção do status quo.

No fim das contas é um filme que se pretende universal porque a hegemonia presente se pretende universal, mesmo na sua experiência de fracasso. Que o discurso humanista fique reduzido exclusivamente a uma experiência moral é revelador da estreiteza do mundo que pretende como O mundo. Aliena toda experiência de emancipação humana que é marca indelével da história da luta de classes. A barbárie anunciada é, na verdade, um discurso de revanche que revela a verdadeira natureza dos donos do poder, regredidos ao deus da carnificina, que parece lhes prometer uma nova vida.

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