
Tira os móveis da sala e revela a farsa em que viviam, mas não revela as fundações da própria farsa. E triunfa porque reduz a compreensão de mundo, ou o próprio mundo, às dimensões da vida burguesa e pequeno burguesa. A farsa do discurso humanista é a farsa das boas intenções individuais diante de uma rotina de exclusão operada coletivamente e anonimamente em nome da manutenção do status quo.
No fim das contas é um filme que se pretende universal porque a hegemonia presente se pretende universal, mesmo na sua experiência de fracasso. Que o discurso humanista fique reduzido exclusivamente a uma experiência moral é revelador da estreiteza do mundo que pretende como O mundo. Aliena toda experiência de emancipação humana que é marca indelével da história da luta de classes. A barbárie anunciada é, na verdade, um discurso de revanche que revela a verdadeira natureza dos donos do poder, regredidos ao deus da carnificina, que parece lhes prometer uma nova vida.
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