quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sobre Melancolia

Melancolia é uma elegia à tristeza. Apresenta em termos mais radicais um pensamento menos impactante, é necessária certa resignação para enfrentar as tristezas da vida. Ou ainda, é necessária certa resignação para enfrentar as frustrações que a vida impõe ao desejo. É possível que a ignorância tenha o mesmo efeito, neste caso, mas me parece uma afirmação que tem menos força no filme.

A realidade nunca é idêntica ao desejo, estabelecem entre si um jogo de aproximações, mas não se igualam, o que talvez seja um dos traumas da modernidade, quando ser feliz é quase um imperativo moral. Justine é a única a suportar a aflição do fim eminente porque sua tristeza se realiza no fim eminente, é a confirmação de que o mundo é um merda e devemos ser extintos, seu desejo e sua expectativas enfim se aproximam da realidade.

É uma afirmação da necessidade da tristeza e a negativa de uma felicidade utópica. Justine ainda busca na ação, no gesto, a felicidade que lhe escapa, por evidente em vão. Ela casa, transa e foge para retornar a frustração e à impotência diante de uma realidade que não dialoga com os seus desejos.

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