Falcão Negro em Perigo é, em diversos sentidos, uma refilmagem livre de Noite dos Mortos Vivos. Talvez os sentidos se oponham entre um e outro. Noite dos Mortos Vivos me parece mais consciente da metáfora política que carrega. Muito mais progressista também, com certeza. Falcão Negro em Perigo é quase acidental. Mas decididamente reacionário, não há como afirmar o contrário.
Ambos tratam da revolução, pelo viés do poder em cheque. Os mortos vivos e os somalis são em tudo idênticos. É uma massa disforme e despersonalizada que oprime um punhado de resistentes. É a metáfora de sistema político sitiado pelas forças da revolução. Contudo, mortos e somalis são uns pobres coitados, incapazes de fazer frente ao poder estabelecido que questionam pela força, ameaçam e vencem pelo conjunto que representam, são uma força da natureza, uma idéia, um estado de coisas, etc.
George Romero, diretor de Noite dos Mortos Vivos, leva o filme desde um ponto de vista crítico, relativizando as posições morais dos vivos e dos zumbis. Falcão Negro em perigo é filme de um lado só, sem relativismos. De todo modo, são umas 2h de americanos sendo caçados como ratos pelos somalis, vale o filme.
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