segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os preferidos de 2011

Nao tenho como fazer uma lista dos melhores de 2010, minha memória não consegue avançar mais do que dois meses no passado. De modo que até aqui já fico bem contente em ter meus preferidos de 2011.

Fico entre A Rede Social, Tetro e Cisne Negro. O peso das impressões que vão se consolidando e da subjetividade imponderável parecem me levar em direção a Tetro, que por todos os méritos é absolutamente impressionante. Contudo, A Rede Social me parece ter uma importância brutal no retrato de um momento e de certo espírito humano. Cisne Negro tá aqui basicamente só porque eu gostei, os méritos me parecem menores que Tetro, em temas afins, e a relevância menor que A Rede Social.

Cisne Negro me parece caminhar uns passos pra trás quando trata da confusão entre imagem e verdade, na qual a imagem vai se impondo como verdade, quando o cinema moderno parece ir em direção oposta. Na busca pela criação do cisne negro Nina vai se transformando no próprio, realidade e imagem vão no sentido de uma síntese. O que, pelo menos agora, me impede de dizer que se trata de uma filme conservador é a crise que esse movimento de síntese gera, Nina é engolidade por ela. Talvez imagem e realidade sejam como óleo e água, a síntese de ambos gera mortos e feridos.

Tetro percorre o caminho inverso de Cisne Negro, vai da realidade à imagem, a última como interpretação da primeira. Mas aqui não interessa apenas a imagem ou o cinema, a fama e o reconhecimento dão vida a cizânia que percorre a família Tetrocini. A luz que em determinados momentos parece ter um efeito hipnótico, me parece metáfora da fama. Ao cifrar a sua obra Tetro busca evitar qualquer reconhecimento e renega qualquer entedimento. O movimento final me parece o de superar o dilema entre a produção artística e o reconhecimento pelo obra, quando Tetro desdena a avaliação da crítica e enfrenta a luz, agora sem submissão ou adoração.

A Rede Social me parece um filme absolutamente importante, no retrato do alvorecer de uma nova sociabilidade, ou de novos mecanismos que a permitam, mas também na identificação entre a juventude e um capitalismo dinâmico. A crise da juventude, como superação da ordem imposta, aqui é tratada sob o ponto de vista de jovens empreendedores renegando e desdenhando os velhos capitalistas, seja a indústria da música ou o jovem Severin no retrato do empreendedor preso aos velhos dogmas. A despeito da crise econômica mundial aqui o capitalismo mostra vitalidade suficiente pra seguir adiante.

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