Comecemos pelo começo. Cópia Fiel segue sendo dos poucos filmes fundamentais desse ano e a discussão dos limites e significados da cópia, da imitação e da interpretação motivam várias outras reflexões. Levando em conta e partindo disso...
Tarantino me parece um cineasta que trafega exatamente por essa via, a da cópia. Não me parece que a reflexão crítica sobre a imagem seja grande objeto de seus filmes, mas é sem dúvida um cineasta moderno, do cinema moderno. Não se trata, para ele, de imitar a realidade, mas de imitar uma realidade cinematográfica. É um jogo de espelhos, ele reflete o reflexo de uma imagem. É um cinema da imagem como memória afetiva. Sobretudo a memória do filme de gênero.
Por esses motivos é um cineasta absolutamente próximo de Godard, que não existiria sem Godard, sem o anarquico cinema de gênero de Godard. Não existiria sem a reinterpretação e revalorização do cinema comercial americano promovida pela nouvelle vaugue. Sem dúvida é menos maio de 68 e mais fiel.
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